quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ecopolat2014



Escenas del seminario 


Debates del seminario


ECOPOLAT 2014​ Seminário de ecologia política na América Latina: Desafios teóricos e práticos 12, 13 e 14 de novembro de 2014 Rio de Janeiro - Brasil


Banderas en Rio

Para accesar la programación ver,

http://ecopolat2014.wix.com/ecopolat2014


Si quieren hacer comentarios por favor hacerlo en este blog.


Camilo

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Centenario de Alfred Russel Wallace - Wallace en la Amazonía (Camilo Torres Sánchez) Conferencia

Publicado el 4/7/2014
Con motivo de conmemorar la vida y obra de Alfred Russel Wallace, co-descubridor del principio de selección natural y uno de los pensadores más importantes en la historia de la Biología, se realizó un evento académico con la participación de varios investigadores en el área de la Evolución.

Fue presentada la conferencia,

Wallace en la amazonía (Camilo Torres Sánchez). 7 de noviembre de 2013.

Instituto de Ciencias Naturales
Universidad Nacional de Colombia

https://www.youtube.com/watch?v=4Di5K_lWpC8


Para asistir el video de la conferencia abrir el link que esta ariba.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Seminário Internacional Ecologia Política na América Latina –ECOPOLAT 2014: Desafios práticos e teóricos Rio de Janeiro 12, 13 e 14 de novembro de 2014


A vida avança ate nas piores condições

­­­Partimos do pressuposto de que a ecologia política constitui um campo já estabelecido de reflexão intelectual crítica, que se retroalimenta a partir de variadas formas de articulação com os atores coletivos que protagonizam os conflitos ambientais. Aceitando este ponto, se abrem na realidade várias interrogações de dimensões teóricas e epistemológicas que, em perspectiva, implicam em uma diversidade de estratégias discursivas e de ação.

A Ecologia Política virá a constituir um campo disciplinar próprio? Ou essa será uma vã pretensão, tendo já consolidado uma orientação baseada no diálogo de saberes? Quais são as condições e pressupostos de diálogo com outras tradições críticas das ciências sociais? Como criar situações performáticas de conversação e intercâmbio com as ciências “da natureza”, construindo, de modo concomitante, uma reflexividade crítica sobre os modelos e as práticas dos atores científicos e tecnológicos? Como facilitar e traduzir os diálogos de saberes indispensáveis entre os atores dos conflitos ambientais?


A presente proposta de seminário visa levantar questões pertinentes ao campo da Ecologia Política, não apenas promovendo o debate acadêmico entre aqueles que pesquisam, militam ou vivem os conflitos pela apropriação dos recursos naturais e territórios neles presentes, como também disseminar para o público mais amplo tais debates de natureza interdisciplinar e caráter cada vez mais urgente. É importante ressaltar que este seminário se vincula com um conjunto de atividades promovidas pelo Grupo de Trabalho em Ecologia Política do Extrativismo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO), constituído por uma série de instituições de ensino e pesquisa na América Latina, representando, portanto, uma articulação institucional e internacional de importância destacada no cenário das ciências sociais latinoamericanas.

Apresentação

As dramáticas pressões constituídas pela expansão intensa da apropriação e extração dos recursos naturais em América Latina tem fornecido um novo impulso ao diálogo regional no campo da Ecologia Política, promovendo uma articulação não apenas interinstitucional, como também internacional, fundamental para a compreensão de determinados processos no contexto da região. A partir destas questões, surgiu entre vários profissionais das ciências sociais atuantes no campo acadêmico do Rio de Janeiro a iniciativa que aqui apresentamos. Se trata da organização de um evento (seminário), com duração de três dias, provavelmente em instalações da Universidade Federal Rural de Rio de Janeiro, localizada no centro da  cidade de Rio de Janeiro, com a assistência e participação de vários especialistas nacionais e regionais e presença de diversas instituições de ensino e pesquisa.


A proposta está baseada em uma articulação interinstitucional de universidades públicas do Rio de Janeiro e do Brasil, que pretende favorecer a continuidade de diálogos e intercâmbios entre o campo acadêmico brasileiro com destacados especialistas latinoamericanos, protagonistas da reflexão regional no espaço da Ecologia Política.

O evento será realizado nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2014. Terá uma conferência inaugural, a cargo do Dr. Enrique Leff, da Universidad Nacional Autônoma de México, um dos expoentes mais reconhecidos no âmbito da Ecologia Política latinoamericana, e será desenvolvido, em seguida, na forma de mesas redondas e debates sobre diferentes eixos temáticos. Está previsto o livre acesso ao público, com foco no público universitário. Prevê-se uma conferência de encerramento a cargo do Dr. Antonio Elizalde, da Universidad Bolivariana de Chile.

JUSTIFICATIVA & METODOLOGIA


Na última década, a Ecologia Política se estabeleceu apropriadamente no pensamento social da América Latina, uma região onde a questão das relações Sociedade-Natureza e os conflitos delas recorrentes estão alcançando níveis críticos. Tendo-se multiplicado os eventos, a realização de inúmeros estudos empíricos de caso e a presença da sua problemática em todas as instâncias da vida acadêmica, o grau de amadurecimento e adensamento crítico da Ecologia Política vem colocando novos desafios, de ordem teórica e epistemológica.


O seminário projetado responde primeiramente ao reconhecimento realista do crescimento qualitativo da Ecologia Política, assim como da multiplicação exponencial, em termos quantitativos, da sua presença efetiva em termos de pesquisadores dedicados ou inspirados por ela, eventos, publicações, dentre outros indicadores. Paralelamente, incorpora a necessidade impostergável de iniciar o desenrolar de um processo de avaliação, atualização e reconceituação teórico-epistemológica.
Dentre as múltiplas opções possíveis para iniciar esses necessários debates, temos selecionado três eixos, a nosso ver, de importância estratégica. Por um lado, há a necessidade de uma reavaliação do próprio perfil intelectual da Ecologia Política, do seu caráter interdisciplinar, das suas competências dialógicas com diferentes tradições das ciências sociais e com a cada vez mais indispensável realimentação com as ciências da natureza. Ao mesmo tempo, o acúmulo de inúmeros estudos de caso dedicados aos conflitos ambientais ou eco-territoriais e seus atores possibilita e exige um avanço na direção de novos aparelhamentos conceituais e, eventualmente, metodológicos. Por outra parte, as diferentes formas de conhecer, de avaliar, de construir, de disponibilizar para o uso humano os territórios e seus recursos, na perspectiva da sua preservação, abre interrogações no âmbito da interculturalidade, dos estudos comparados, da etnologia, da sociologia econômica, incluindo os estudos de gênero.

Pretendemos que, por meio destes debates, o espaço acadêmico do Rio de Janeiro seja percebido como um espaço destacado, a nível regional e internacional, do compromisso e da reflexão com uma das maiores problemáticas afrontadas pela humanidade contemporânea, dando prosseguimento ainda a eventos como a Eco-92 e a Rio + 20. A realização do evento em uma universidade pública, aberto à presença do público, assim como o seu impacto e repercussão através dos meios de comunicação, deve contribuir também para o exercício da reflexão acerca da temática ambiental nas camadas de estudantes em formação, e na opinião pública em geral. 

COMITÊ ORGANIZADOR

Hector Alimonda - UFRRJ
Cleyton Gerhardt - UFRGS
Vanessa Hacon – UFRRJ
Juanita Cuellar Benavides - UFRRJ
Camilo Torres - UEA




terça-feira, 20 de maio de 2014

Comentarios al texto "Brasil en América del Sur La lógica de la unipolaridad regional" Luis L. schenoni


 Comentarios al texto "Brasil en América del Sur La lógica de la unipolaridad regional" Luis L. schenoni. www.nuso.org


   
Catedral, Petrobras y Bancos vistos desde la Santa Teresa
Antes Suramérica y el mundo tenían indiferencia por Brasil ser un pais de "marajas" agrícolas hiperconservadores cerrados al mundo, que después hizo reformas económicas y políticas para "ingles ver", llegando a parecer una democracia moderna para finalmente desilusionar a todo el mundo, cuando de ser la líder en cuestiones sociales y ambientales asume la mas conservadora política energética y agrícola,  provocando le destrucción de su imagen de pais avanzado democrático y ambiental.

     Argentina por la torpeza de su elite,  perdio la oportunidad de ser la Francia de America con esa bella capital que es Buenos Aires, solo que rodeada de campos rurales atrasados dominados por jefes oligárquicos y por una elite financiera que acabo vendiendo su alma a los chinos, sin olvidar el sindicalismo estatal parasitario heredado del peronismo.

     Ni Argentina, ni Brasil tienen condiciones de crear un polo de influencia en America del Sur desde el punto de vista militar y económico, en el aspecto ambiental, social y cultural talvez si, pero eso debe ser trabajado.

     Todos los países de Suramérica citando el caso de Colombia y Chile tienen comparativamente y en función de la escala, mas fuentes de materias primas que Brasil y Argentina, fuerzas armadas mas profesionales y preparadas para la guerra en condiciones suramericanas, acceso importante a mercados de capitales y tecnologia en los Estados Unidos, también tienen fuertes centros de producción ideológica institucional representados en sus industrias culturales y universidades, siendo que también existe la sutil diferencia en términos religiosos entre los católicos de origen hispana y los católicos brasileños, alguien ya dijo que un ateo colombiano es mas católico que un padre brasileño. 

   Así las cosas, una posible hegemonia regional para países como Argentina o Brasil solo podría venir de liderazgos regionales proyectados globalmente en el campo de una nueva ciencia de la biodiversidad amazónica, compartida por casi todos los países de Suramérica, del desarrollo sostenible y la justicia ambiental, y el estimulo a la cultura andinotropical ampliamente compartida por todos en Suramérica.

    Brasil ni Argentina tienen acceso fuerte a los mercados de America del Sur por lo tanto no pueden influenciar políticas económicas regionales. Ni siquiera dentro de su propia alianza estratégica el Mercosur consiguen ponerse de acuerdo.

    Brasil en este momento frente a los problemas de America del Sur, tiene una posición pragmática de solo participar donde obtenga beneficios económicos para sus multinacionales, como en el caso de Venezuela y Colombia donde la ayuda en el conflicto armado interno y la disputa fronteriza, le fue retribuida con la entrada de Petrobras a Colombia y la perdida para Colombia de un mercado de 14000 millones de dolares de Venezuela, que paso  a ser abastecida por Brasil y Bolivia, solo que los malos manejos de Petrobras en Brasil la obligaron a retirarse de Colombia y las dificultades logísticas  de llevar mercancías desde Sao Paulo a Venezuela hicieron que los empresarios brasileños dejaran de lado ese mercado, actualmente en Venezuela se toma leche boliviana y se usa papel higiénico chino comprados a precio de oro, cuando Colombia los abastecia de todo eso por la tercera parte del precio actual.

     Brasil tiene sus intereses estratégicos mas dirigidos a Africa y Asia portuguesa, y la China, en una mesiánica idea de que algún podrán superar los Estados Unidos como potencia hemisférica dominante,  solo que no hacen su deber de casa que es liderar a America del Sur en los objetivos del uso de la biodiversidad suramericana en planes de desarrollo sostenible, a sus vecinos "Latinos", como si ellos no lo fueran también, los miran por encima del hombro con cierta xenofobia y superioridad que les impide ver lo evidente, sin esa alianza suramericana, Brasil nunca dejara de ser el patio trasero de China y Estados Unidos.



  













terça-feira, 13 de maio de 2014

Antarctica e Amazonia o que tem a ver????

Santa Teresa RJ y neblina densa
Colapso antartico

Duas fontes cientificas independentes confirmam que a grande barreira de gelo da antarctica esta colapsando de forma irreversivel o que provocara num prazo curtíssimo de 20 anos, o elevamento do nivel meio dos oceanos incluido o Atlantico Sul onde esta tudo o litoral brasileiro e a foz do Rio Amazonas.

O aquecimento da temperatura do oceano em volta da antarctica gerou a desestabilizaçao desse gigante de gelo,  ou seja em 2034 a linha costeira de Brasil  estará 4 metros acima do nivel atual.

Podemos fazer o exercício de ficar em pe na frente da bahia de Guababara no Rio de Janiero ou na Foz do Rio Amazonas e fazer um experimento mental sobre como sera o litoral com 4 metros mas agua. Sim, e catastrofico.

Esta claro que esse aumento do nivel do oceano nao vira de forma gradual pois subir 4 metros em 20 anos equivale a uma sucessão de eventos oceânicos de grande porte como furacões e mares gigantes, a agua jogada pelo degelo dos glaciares evaporara e alimentara a circulação atmosférica aumentando a escala dos ventos, furacões, tifões, mares e correntes oceânicas.

Os estuarios de tudos os grandes rios que fluem pelo territorio brasileiro confluem para o Atlantico Sul, assim o aumento de 4 metros na parede de agua oceanica que limita a saida de agua doce do continente gerara extensas inundações e enchentes a montante de tudos esses rios. 

Pode se afirmar que o elevamento do nivel meio de rios como o Sao Francisco, Parnaiba, Amazonas e Rio de la Plata sera no minimo de 2 metros acima de meia anual, isso sem considerar que a meia de chuvas na America do sul ja esta acima de tudos os maximos históricos pasando de 2000 litros por metro cuadrado por ano a 3000 lt/m2/ano,  podemos dizer que em pontos da bacia interna de America do Sul poderão formar se grandes lagos como ja aconteceu na bacia do Acre neste ano, pelas dificuldades de drenagem da agua ao oceano e pela intensas chuvas que cairam nestas regioes.

Cidades como Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, Sao Luiz, Belem, Macapá, que somam cerca de 100 milhões de pessoas das quais a metade estão morando em áreas abaixo da cota de 4 metros de elevamento do nivel do mar, estão em seria condição de risco.

A salinizacao de extensas areas agricolas no estuarios de rios como Sao Francisco também e um efeito previsível deste processo iniciado pela ação humana.

Acima da foz do rio amazonas cidades como Belem, Santarém e Manaus sofreram os mesmos efeitos e mais gravosos ainda pois estão abaixo do nivel meio do oceano atual no meio de bacias geológicas que acumularam agua das chuvas vindas da cordilheira dos Andes.

A população do pais continua agindo como um dono de cartório que registra os eventos sem tomar decisão e partido pois nao estão nem ai para nada.


Quem vier depois que se arranje

Proverbio brasileiro........











sexta-feira, 4 de abril de 2014

A sobrevivência do modelo econômico dos militares no Brasil

O Gramde Irmao
Num momento em que o golpe militar brasileiro completa 50 anos, as reflexões sobre o passado e o presente se tornam inevitáveis. É fato que comparar um período em que as liberdades individuais e os direitos humanos foram comprovadamente violados com a Administração Federal atual é inadequado por todos os parâmetros. Exceto por um: a gestão econômica. Perigosamente, o Brasil está retomando, com a presidenta Dilma Rousseff, um caminho que trilhou especialmente após o choque do petróleo de 1978, quando uma guerra no Oriente Médio aumentou o preço da gasolina e desarranjou as economias do mundo todo.
Àquela época, com o general Ernesto Geisel na presidência (1974-1979) e após os anos de forte crescimento do chamado milagre econômico do ministro da Fazenda (1967-1974) Antônio Delfim Neto, um dos conselheiros atuais mais ouvidos por Rousseff, o Brasil optou por um controle rígido de preços pelo Estado, que desencadeou uma onda de hiperinflação.
Várias tentativas de correção desse dragão inflacionário foram tentadas – com diversos planos econômicos que mudavam moedas ou cortavam zeros–, todas frustradas. A mudança só ocorreu, de fato, com o Plano Real, em 1994. No artigo “Ciclo que se repete”, Samuel Pessôa, professor de economia do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), lembra que um ciclo inflacionário começa, normalmente, por causa de um cenário externo. Segundo ele, choques externos também servem de pretexto para que o penoso processo de estabilidade seja abandonado. “A elite dirigente se volta, então, ao remédio de sempre: o Estado”, observa Pessôa.
O economista Edmar Bacha, um dos arquitetos da equipe econômica que elaborou o Plano Real e crítico permanente da política petista, afirma que, do ponto de vista de política econômica, o Brasil está reproduzindo o mesmo ciclo daquele período da ditadura em que houve grande interferência do Estado na economia e baixo crescimento.
De acordo com Bacha, após o a crise financeira global ocorrida em 2008, o ex-presidente Lula direcionou o Estado a um maior protagonismo econômico, o que resultou em perda de eficiência. “A política de controle de preços da Petrobras, que importa combustível mais caro do que é vendido nos postos, é o exemplo acabado de que está se repetindo aquilo que foi um desastre no passado e gerou resultados indesejados”, diz.
Neste sentido, Mansueto Almeida, pesquisador do Instituto Brasileira de Planejamento e Economia Aplicada (Ipea) avalia que, contida por mais tempo a alta dos chamados preços administrados, como os de energia e os das tarifas de transporte público, vai haver um prejuízo para as empresas estatais. “Hoje se tem certeza de que isso não funciona. Com os combustíveis defasados, o reflexo foi a falência da indústria do etanol brasileiro.” A falta de reajustes tem afetado também o desempenho da Petrobras, que precisa de recursos para implementar seu plano de negócio, que prevê a expansão da produção.
Bacha aponta, ainda, como “totalmente contraproducente o aumento da tarifa de importação e a política de conteúdo nacional para as plataformas petrolíferas”. Na época dos militares, quando tentou se implementar uma cultura ufanista e protecionista, esse modelo também foi adotado. Pessôa também crítica a opção de forçar as empresas a produzir localmente. “Tal como está sendo implementado, o conteúdo nacional significa obrigar o setor privado a produzir algo que ele não sabe. Fizemos isso há 50 anos e não deu certo. Hoje, a economia brasileira é muito mais diversificada, em serviços e na indústria, e deve-se apostar naquilo em que temos vocação. Não podemos reinventar esse defunto de triste memória”, diz.
Outro aspecto destacado pelo professor da FGV é a grande predileção do Banco Nacional de Desenvolvimento Nacional e Social (BNDES), um banco público que empresta a percentuais menores que a taxa básica de juros do país, pelo financiamento a grandes conglomerados. “Assistimos diariamente a exemplos de grandes grupos que simplesmente poderiam recorrer ao mercado de capitais para atrair recursos. No final, o Governo acaba travando o desenvolvimento da indústria de empréstimos nacional e até o mercado financeiro”, diz ele. Na época dos militares, o então BNDE (não havia o Social no nome) também tinha suas empresas “eleitas”.
A seis meses das eleições presidenciais, os mercados revelam que rejeitam o atual modelo, além de se mostrarem avessos à reeleição de Dilma. Por duas vezes, a Bolsa brasileira subiu em dias em que ou houve rumores de queda da avaliação de Rousseff ou foi confirmada sua menor popularidade.
Diante deste cenário, diz Almeida, há duas linhas de análise: a otimista, na qual ele se inclui, e a pessimista. “O exemplo das privatizações em infraestrutura, que o PT nem sequer cogitava anos atrás, indica que eles estão aprendendo”, afirma ele.
Já Bacha avalia que a razão da má gestão estatal econômica se deve à “composição muito peculiar de forças partidárias que sustenta o Governo”, outra tradição do período em que o país foi governado por uma Junta Militar. “É só constatar que foi preciso 39 ministérios e o aparelhamento das empresas estatais para acomodar toda essa gente. Se você acha que algo vai mudar com ela sendo reeleita, está sendo muito otimista.”
Felipe Vanini 4 abril 2014
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/03/politica/1396478785_713416.html

terça-feira, 1 de abril de 2014

The dictatorship does not say his name.....in Brazilian Amazon



The Brazilian military dictatorship is alive and well in the Amazon in that country
El virus de la dictadura entra en la celula social


When you want to do something in the Amazon , do not ask for permission : it does. "

The statement is the gaucho Aloysio Carlos Weber, former commander of the 5th Battalion of Engineering and Construction, one of the first to settle in the Amazon in the civil - military dictatorship. In 1971 , I interviewed for a special project Realidade magazine on Amazon. The reporter made the colonel introduced as " legendary" in Rondônia, the following question: "How is it possible to do things in the Amazon region and transform ? " . The colonel replied :

- How do you think I did 800 miles of road ? Asking permission ? ? We use the same tactics of the Portuguese, who asked not permit the Spaniards to cross the line of Tordesillas. If all we had did not work, I 'd be in jail , man.

It is a statement of explicit directions - from the tone in which it was issued , by the certainty of impunity, for the pride of the lack of boundaries. By the way the Colonel sees Amazon as a territory to be invaded and ruled by force . What did the dictatorship in the Amazon , as far from the centers of power and voices of resistance, and what he did with the indigenous peoples , still needs to be investigated in much greater depth . The horrors that are discovered and can be just the surface . But if the past calls light, this urgently needs to be illuminated .

There are several authoritarian debris corroding our day as Military Police (which, if you have a previous history the 1964 coup , won more powers in the dictatorship and keeps on democracy ) and "self resistance " (which serves to police justified the execution of suspected or disaffected ) . But it is the look on Amazon as on indigenous peoples , coastal and Quilombolas the authoritarian state continues with more strength and less resistance in the minds of most Brazilians. There remains the most dangerous form because it masquerades as true that which is just an image in the service of specific political and economic interests . Perhaps in no other field emergency rule has conquered so successful in imposing its ideology . And keep in democracy.

The civil - military dictatorship rooted in the imagination of the Brazilian view that the Amazon rainforest is a territory - body for exploitation. If the logic of the operator / colonizer historically oriented the " internalization " of the country , is the dictatorship that earns a more ambitious ideological whole. The pieces of propaganda that the regime was still alive, even for those who were born after , as the slogans "Integrating Non- deliver " and "Land without men for men without land" . It is the idea that the dictatorship of the Amazon is constructed as a "green desert" , ignoring all the human, cultural and biological diversity that existed there , ignoring life. The spread of this fantasy is so successful that it is true . And it becomes a truth that remains true after democratization . So true that creates a paradoxical reality : an ex - guerrilla , prey and tortured by the regime, who is , in a democracy , is carrying out the development model of dictatorship to Amazon.

It is in the Lula government first, and with more strength and determination after the inauguration of Dilma Rousseff , in which great works planned by the military, such as hydroelectric Belo Monte on the Xingu River - the most controversial , but not alone - are imposed on the peoples of the jungle. The unsettling process that forced the construction of Belo Monte, among other outrages , violated both the Constitution and international treaties. Convention 169 of the International Labour Organization (ILO ) says the Indians the right to be heard on policies and programs that will affect their traditional way of life - and they were not . Other hydroelectric are ongoing, with great strength of indigenous peoples, Afro and coastal , as the central planned for Tapajós River in the State of Pará.

It is in this elected government that the National Strength falls on traditional communities living in the region for centuries megaprojects with justification, among others, to ensure the safety of the researchers who made ​​the socio-environmental inventory. In practice , it is used to suppress the legitimate resistance of these peoples , whose rights are protected by the Constitution . It is democracy that large companies financed by public money the National Bank for Economic and Social Development (BNDES ) perform works that alter the regional ecosystem without fulfilling their obligations in the form of conditions , causing irreversible damage and destroying lives , as now saw historic flooding in the Madeira river.

It is also in the democratic period that an instrument created by the dictatorship, "Suspension of Security" has been used to ensure the continuity of megaplans , as reported last March 28 at the Organization of American States (OAS ) . The instrument allows higher courts override judicial decisions of lower courts , if judges understand that sentences represent risk of "serious harm to order, health, public safety or the economy." The controversial mechanism has been used to topple pro communities affected by major projects such as Belo Monte and Carajás Railroad , a line for the transportation of minerals making.

And most Brazilians not surprised - or he misses very little - that version of " Brazil Large " of the dictatorship that is consolidated with other names in democracy. No such violence as violence decoded not decoded authoritarianism as authoritarianism. The most dangerous thing is always that which did not detect dangerous as that which is naturalized as an inevitable - and in the Amazon state violence became nature.

It might be a surprise that the fact of the Amazon myth forged in the dictatorship persists in democracy. But fails to be, because that myth is converted into one truth, that allows Amazon still treated as an object of plunder, either by the state or by private enterprise. A body to be violated , available to operators step , be they technical government , political supporter broad spectrum , document forgers to seize land , timber , mineradoras and builders. Whoever remains in that territory, he was born in , has roots and builds memory becomes an obstacle , such as indigenous peoples. A non-being, as coastal and Quilombo , invisible among the invisible. Not an obstacle to development, as is repeated until the exhaust , but the maintenance of this myth - the continuation of the ideology that legitimizes decades, the destruction of forests and forest peoples to accommodate the interests of the centers power .

Nothing is more authoritative than the other say that he is not making it . That is also part of the drive for annihilation by invoking the tricky question of " real Indian " and " fake Indian " , as if there were a kind of " authenticity " . This strategy is even more vile because it seeks to convince the country that indigenous peoples have the right to claim membership in the land claim , because even belong to themselves. In the logic of the operator , ideally transform all poor , inhabitants of the outskirts of cities , dependent on government programs. There, geographical and symbolic, no privileges are put at risk . And there would be nothing between the great interests without greatness and coveted territory.

When someone , even in enlightened circles , says that "without Belo Monte will not be able to view the telenovela eight or enter Facebook " or claims that " the Indian has too much land " is committing many improprieties . But it is also keeping alive the ideology of the dictatorship of the Amazon and the people of the jungle. In a time when Brazil dissects the blow that completed 50 years as important as throwing light on the past is to understand what remains of it among ourselves, with our close collaboration.

Eliane Brum is a writer, journalist and documentary filmmaker . Author of nonfiction books Coluna Prestes - or Avesso da Lenda , A Life That Ninguém see, O Olho da Rua , A Menina Quebrada , Meus Desacontecimentos and Uma Two novel . Email: elianebrum.coluna @ gmail.com . Twitter: @ brumelianebrum



The Amazon is devastated on behalf of several manipulations, concrete and symbolic . To continue serving the interests of the centers of power , it is necessary that the exploitation pattern persists . And , to persist when global warming and environmental destruction are vital issues in the world , when the issue of water is the most current, it is necessary to forge new enemies. It is in this context that indigenous peoples is to be sold to the population, predominantly urban country , as " obstacles to development" . That in discourse both conservative sectors of society and in official talks current government sectors .

Those who belong to the land expropriated are converted in the depths of "obstacle" sense , that Amazon keeps in the same part of the body to the violation . In the name of "national interests" , when in fact , what masquerades as national are historically specific projects to political groups and projects -profit private economic groups. These make circumstantial or permanent alliances to keep intact the logic of plunder. They did it in the dictatorship , they do democracy. Without enough surprised because the distance of the Amazon is not only geographical . To understand risk must otherness - and nothing more dangerous for those who want to maintain their privileges to experience other ways of being in the world .

Indigenous peoples have been resisting since 1500, but this century expanded their voice, the possibilities opened by the Internet and became disclose its multiple narratives. In common , resistance to genocide is ongoing and won more sophisticated appearance . It is also why the attacks on these villages was aggravated , not only in the form of physical attacks and destruction of villages , but in several projects that are handled in Congress and that means , in practice , their physical and cultural annihilation . Because you can not silence his voice more , it is necessary to transform them into enemies. The enemy does not listen to whatever he says , because he does not recognize the legitimacy to speak. That's the goal of successful ongoing propaganda that places more than 200 indigenous peoples, also inhabitants of other ecosystems besides the Amazon as " obstacles to development" in Brazil. By being in the way of the great works , being collectively on the coveted land for private profit .

This is one of several reasons for the claim of belonging to these populations is seen as illegitimate , and that the jungle would be grounded for life , and yes for the exploitation and use. How to claim the construction of meaning in that which is subject to passage and dilapidation ? The center serves the Amazon , in a logic that obeys even in the second decade of the century , to the precepts of the colonial system , wherein the periphery serves to the array.

For many, including government bureaucrats installed in ministries such as Mines and Energy, the Amazon is only a source of raw materials and energy for the big industries that produce for export. It was also a source of payment of undeclared campaign commitments in the form of large projects financed by the BNDES. The forest is also one that can be demolished to expand the agricultural frontier , at a time which constitute the largest legislator ruralistas base above matches, in a Congress marked by blackmail, and reaching new levels of influence on a government support in ensuring political exchanges . It is still a symbolic reserve to join the Brazil that ignores tortuous boasting against " gringos who want to take the Amazon." Nothing seems more efficient than creating an external threat nationalism used to fatten that only favor the usual . If that question, we must realize that there is a kind of " gringo" that much is there in mega multinationals drove local people with the support of successive governments ago. Under the dictatorship , but also democracy.

La dictadura que no dice su nombre

La dictadura militar en la amazonia brasileña continua vivita y coleando.

segunda-feira, 31 de março de 2014

A ditadura que não diz seu nome


OPINIÃO
O imaginário sobre a Amazônia e os povos indígenas, forjado pelo regime de exceção, é possivelmente a herança autoritária mais persistente na mente dos brasileiros de hoje, incluindo parte dos que estão no poder. E a que mais faz estragos na democracia

COLUNA
A ditadura que não diz seu nome
ELIANE BRUM

 “Quando se quer fazer alguma coisa na Amazônia, não se deve pedir licença: faz-se.” A declaração é do gaúcho Carlos Aloysio Weber, ex-comandante do 5o Batalhão de Engenharia e Construção, um dos primeiros a instalar-se na Amazônia na ditadura civil-militar. Em 1971, ele foi entrevistado para um projeto especial da revista Realidade sobre a Amazônia. O repórter fez ao coronel, apresentado como “lendário” em Rondônia, a seguinte pergunta: “Como é possível fazer as coisas na Amazônia e transformar a região?”. O coronel respondeu:- Como você pensa que nós fizemos 800 quilômetros de estrada? Pedindo licença, chê? Usamos a mesma tática dos portugueses, que não pediam licença aos espanhóis para cruzar a linha de Tordesilhas. Se tudo o que fizemos não tivesse dado certo, eu estaria na cadeia, velho.

É uma declaração de sentidos explícitos – pelo tom em que foi dita, pela certeza da impunidade, pelo orgulho da falta de limites. Pela forma como o coronel vê a Amazônia como território a ser invadido e dominado pela força. O que a ditadura fez na Amazônia, tão longe dos centros de poder e das vozes de resistência, e o que fez com os povos indígenas, ainda precisa ser investigado com muito mais profundidade. Os horrores que já foram descobertos podem ser só a superfície. Mas, se o passado pede luz, o presente precisa ser iluminado com urgência.

Há vários entulhos autoritários corroendo nossos dias, como a Polícia Militar (que, se tem uma história anterior ao golpe de 1964, ganhou mais poderes na ditadura e os mantêm na democracia) e o “auto de resistência” (que serve para a polícia justificar a execução de suspeitos ou desafetos). Mas é no olhar tanto sobre a Amazônia quanto sobre os povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas que o Estado autoritário persiste com mais força e menos resistência na mente da maioria dos brasileiros. Persiste da forma mais perigosa, porque traveste como verdade aquilo que é apenas uma imagem a

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/31/opinion/1396269693_200037.html Página 1 de 6

A ditadura que não diz seu nome | Opinião | Edição Brasil no EL PAÍS 31/03/14 14:20
serviço de interesses políticos e econômicos específicos. Talvez em nenhum outro campo o regime de exceção tenha conquistado tanto êxito ao impor seu ideário. E o mantê-lo na democracia.

A ditadura civil-militar enraizou no imaginário dos brasileiros a visão de que a floresta amazônica é um território-corpo para exploração. Se a lógica do explorador/colonizador norteou historicamente a “interiorização” do país, é na ditadura que ela ganha um pacote ideológico mais ambicioso. As peças de propaganda que o regime produziu continuam vivas, mesmo para aqueles que nasceram depois dela, como os slogans “Integrar para não entregar” e “Terra sem homens para homens sem terra”. É na ditadura que é cimentada a ideia da Amazônia como “deserto verde”, ignorando toda a riqueza humana, a diversidade cultural e biológica que lá existia, ignorando a vida. A disseminação dessa fantasia é tão bem sucedida que se torna verdade. E se torna uma verdade que continua verdade após a redemocratização. Tão verdade que cria uma realidade paradoxal: uma ex-guerrilheira, presa e torturada pelo regime, é quem, na democracia, leva adiante o modelo de desenvolvimento da ditadura para a Amazônia.


enraizou noimaginário dos brasileiros a visão de que a floresta amazônica éumÉ primeiro no governo Lula, e com mais força e empenho a partir da posse de Dilma Rousseff, que grandes obras previstas pelos militares, como a hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu – a mais polêmica, mas não a única – são impostas aos povos da floresta. Oconturbado processo que forçou a construção de Belo Monte, entre outras arbitrariedades violou tanto a Constituição quanto tratados internacionais. A Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assegura aos indígenas o direito de serem ouvidos em empreendimentos que vão afetar seu modo tradicional de vida – e não foram. Outras hidrelétricas estão em curso, com grande resistência de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, como as usinas previstas para o rio Tapajós, no Pará.

É nesse governo eleito que a Força Nacional baixa sobre as comunidades tradicionais que vivem há séculos na área dos megaprojetos com a justificativa, entre outras, de garantir a
segurança dos pesquisadores que farão o inventário socioambiental. Na prática, é usada para reprimir a resistência legítima desses povos, cujos direitos são amparados pela Constituição. É na democracia que grandes empresas financiadas pelo dinheiro público do BNDES executam obras que alteram o ecossistema regional sem cumprir suas obrigações, na forma de condicionantes, causando estragos irreversíveis e aniquilando vidas, como se viu agora na enchente histórica do rio Madeira. É também nesse período democrático que um instrumento criado na ditadura, a “Suspensão de Segurança”, tem sido usado para garantir a continuidade dos megaempreendimentos, como foi denunciado no Uma ex- guerrilheira,presa e torturada pelo regime, é quem, na território- corpo para exploração

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último 28 de março na Organização dos Estados Americanos (OEA).

O instrumento permite a tribunais superiores anular decisões judiciais de instâncias inferiores, independentemente do mérito, se as cortes entenderem que as sentenças representam risco de “ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas”. O mecanismo controverso tem sido usado para derrubar decisões favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras, como Belo Monte e a estrada de ferro de Carajás.da ditadura para a Amazônia
que permite que a Amazônia siga sendo tratada como objeto de espoliação, seja pelo Estado, seja pela iniciativa privada. Um corpo a ser violado, à disposição de exploradores de passagem, sejam eles técnicos do governo, políticos de amplo espectro partidário, grileiros, madeireiros, mineradores e empreiteiros. Quem nesse território permanece, nele nasce, tem raízes e constrói memória torna-se um obstáculo, como os povos indígenas. Um não-ser, como os ribeirinhos e quilombolas, os invisíveis entre os invisíveis. Um obstáculo não ao desenvolvimento, como se repete à exaustão, mas à manutenção desse mito – à continuidade do ideário que legitima, há décadas, a destruição da floresta e dos povos da floresta para acomodar os interesses dos centros de poder.
tem sido
usado para derrubar decisões favoráveis
a comunidades
democracia,
leva
adiante o
modelo de
desenvolvimento
E a maioria dos brasileiros não estranha – ou estranha muito pouco – essa versão do “Brasil Grande” da ditadura que se consolida com outros nomes na democracia. Não decodifica essa violência como violência, não decodifica o autoritarismo como autoritarismo. O mais perigoso é sempre aquilo que não detectamos como perigoso, aquilo que se naturaliza como inevitável – e na Amazônia a violência de Estado tornou-se natureza.
Poderia ser uma surpresa o fato de o mito amazônico forjado na ditadura persistir na democracia. Mas não chega a ser, porque é esse mito, convertido em verdade única,
mecanismo
autoritário
da
‘Suspensão
de
Segurança’
Esta é uma entre várias razões para que a afirmação de pertencimento dessas populações seja vista como ilegítima, já que a floresta não seria terra para a vida, mas para a exploração e o uso. Como reivindicar a construção de sentidos naquela que é objeto de passagem e de dilapidação? A Amazônia serve ao centro, numa lógica que ainda obedece, na segunda década do século 21, aos preceitos do sistema colonial, na qual a periferia serve à matriz.
Para muitos, incluindo burocratas do governo instalados em ministérios como o de Minas e Energia, a Amazônia é apenas uma fonte de matérias-primas e de energia para as grandes indústrias que produzem para exportação. Tem sido, também, uma fonte de pagamento de compromissos não pronunciados de campanha, na forma de grandes obras financiadas pelo BNDES. A floresta é
O
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também aquela que pode ser derrubada para expandir a fronteira
agropecuária, num momento em que os ruralistas constituem a
maior bancada suprapartidária, em um Congresso que se pauta pela
chantagem, e alcançam níveis inéditos de influência em um governo
que assegura apoio pela barganha. É ainda uma reserva simbólica
para unir o Brasil que a desconhece num ufanismo tortuoso contra
“os gringos que querem tomar a Amazônia”. Nada parece mais
eficaz do que criar uma ameaça externa para engordar
nacionalismos de ocasião, que só favorecem aos mesmos de
sempre. Se é disso que se trata, convém perceber que há um tipo de
“gringo” que há muito está lá, em megaprojetos de multinacionais que expulsaram as populações locais com o apoio de sucessivos governos. Na ditadura, mas também na democracia.
persista. E, para que persista, quando o aquecimento global e a destruição do meio ambiente se tornam temas vitais no mundo, quando a questão da água ascende ao topo da pauta, é preciso forjar novos inimigos. É nesse contexto que os povos indígenas passam a ser vendidos à população, predominantemente urbana do país, como “entraves ao desenvolvimento”. Isso no discurso tanto de setores conservadores da sociedade quanto em falas oficiais de setores do atual governo.
Aqueles que pertencem à terra são convertidos em despertencidos, o sentido mais profundo de “entrave”, para que a Amazônia se mantenha no mesmo lugar de corpo para violação. Em nome de “interesses nacionais”, quando, de fato, o que se mascara como nacional são, historicamente, projetos de poder de grupos políticos específicos e projetos de lucro de grupos econômicos privados. Estes, fazem alianças circunstanciais ou permanentes para manter a lógica de espoliação intacta. Fizeram na ditadura, fazem na democracia. Sem que se estranhe o suficiente, porque a distância da Amazônia não é apenas geográfica. Para compreendê-la é preciso se arriscar à alteridade – e nada mais perigoso para quem quer manter seus privilégios do que experimentar outras possibilidades de estar no mundo.
Os povos indígenas resistem desde 1500, mas nesse século ampliaram sua voz, pelas possibilidades abertas pela internet, e passaram a divulgar suas narrativas múltiplas. Em comum, a resistência ao genocídio que segue em curso e ganhou roupagens mais sofisticadas. É também por isso que os ataques contra esses povos se acirraram, não apenas na forma de agressões físicas e destruição de aldeias, mas nos vários projetos que tramitam no
Para compreender
a
Amazônia
é preciso se
arriscar à
alteridade
–enada
mais
perigoso
para quem
quer
manter
seus
privilégios
do que
A Amazônia é devastada em nome de várias manipulações, concretas e simbólicas. Para que continue a servir aos interesses dos centros de poder, é preciso que o modelo de exploração
afetadas por grandes obras
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experimentar
Congresso e que significam, na prática, sua aniquilação física e
cultural. Como não é mais possível silenciar a sua voz, é preciso transformá-los em inimigos. O inimigo não se escuta, diga o que disser, porque não lhe é reconhecida a legitimidade para dizer. Esse é o objetivo da bem sucedida propaganda em curso, que coloca os
de estar no mundo
Nada é mais autoritário do que dizer ao outro que ele não é o que é. Essa também é parte da ofensiva de
aniquilação, ao invocar a falaciosa questão do “índio verdadeiro” e do “índio falso”, como se existisse uma espécie de “certificado de autenticidade”. Essa estratégia é ainda mais vil porque pretende convencer o país de que os povos indígenas nem mesmo teriam o direito de reivindicar pertencer à terra que reivindicam, porque sequer pertenceriam a si mesmos. Na lógica do explorador, o ideal seria transformar todos em pobres, moradores das periferias das cidades, dependentes de programas de governo. Nesse lugar, geográfico e simbólico, nenhum privilégio seria colocado em risco. E não haveria nada entre os grandes interesses sem nenhuma grandeza e o território de cobiça.
Quando alguém, mesmo em círculos letrados, afirma que “sem Belo Monte não vai dar para assistir à novela das oito ou entrar no Facebook”, ou brada que “índio tem terra demais”, está cometendo muitas impropriedades. Mas está também mantendo vivo o ideário da ditadura sobre a Amazônia e os povos da floresta. No momento em que o Brasil disseca o golpe que completou 50 anos, tão importante quanto jogar luz sobre o passado é compreender o que dele permanece entre nós – com a nossa estreita colaboração.
imagem dos povos indígenas como entraves ao
outras
possibilidade
s
ais de 200 povos indígenas, habitantes também de outros ecossistemas além da Amazônia, como “entraves ao desenvolvimento” do Brasil. Por estarem no caminho das grandes obras, por estarem coletivamente sobre as terras cobiçadas para lucros privados.
m
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Email: elianebrum.coluna@gmail.com. Twitter: @brumelianebrum
Para que a Amazônia continue sendo território de
espoliação é preciso vender ao país a
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