quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Filosofia da ciencia e uso social da pesquisa

A filosofia da ciencia moderna nos diz que esta ciencia seria a procura da identidade, a verdade, a nao contradição, e das causas e fins dos fenómenos da natureza, com o fim maior da liberdade, a justiça e a solução dos problemas de todas as culturas e sociedades humanas sem distinção de raça, classe social, religião, sexo, poder económico ou origem nacional e cultural. Como o racismo, a xenofobia, o clasismo, a discriminação social, politica e económica podem afetar a pesquisa cientifica no exemplo da pesquisa sobre o virus sars-covid-2 e a doença respiratoria aguda grave Covid-19? Responder num texto de no máximo 200 palavras na plataforma, ou enviando arquivo em formato PDF via correio electrónico ctsanchez@uea.edu.br Tem 5 dias para enviar as respostas.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Debate sobre a Formação Estrutural do Novo Mundo: a natureza intocada, o colapso demográfico dos povos ameríndios e a disputa sobre a criação das Neo-europas na América

    No debate sobre a formação estrutural do Novo Mundo existem varias temáticas recorrentes, todas originadas do debate europeio sobre a natureza desta nova terra. Isto é o debate sobre a natureza intocada, o colapso demográfico dos povos ameríndios e a disputa sobre a criação das Neo-europas na América76. Com relação a estes temas pode se dizer que esta provado que a natureza na América Latina não era intocada mas também não tinha sido eliminada da realidade cotidiana dos moradores ameríndios, como aconteceu efetivamente na Europa já no século XIII, ainda mais como se vera no decorrer desta tese a intervenção dos índios no mundo natural foi de diversificação, de criação de uma rede de domesticidade de formas vivas que a própria natureza e seus processos não seria capaz de criar e manter. 

    Esta rede de formas vivas foi mantida graças precisamente ao crescimento e complexificação da população e sociedades da América tropical, mostrando como é possível manter as formações florestais americanas junto a um grande adensamento populacional, tese esta contrária a maioria das abordagens atuais sobre a origem e a conservação das formações naturais americanas. Com todo isso é bastante provável que a invasão européia só tenha sido possível por causa precisamente do elevado nível de cultura e oferta alimentar que certas áreas do continente tinham, ou seja as “neo-europas” podem haver sido edificadas acima dos pilares que a civilização ameríndia edificou para se. Em outros locais como a região estuárina do rio amazonas é impossível ainda falar de pilares e sim de que os portugueses simplesmente passaram a ocupar um dos cômodos da casa construída pelos povos ameríndios.

     Outras temáticas são a discussão sobre o “encontro do novo e o velho mundo”, o embate sobre a “fronteira de recursos e o meio ambiente” e a “história das idéias” sobre a formação do debate sobre a modernidade e a modernização do mundo da vida na América Latina. A primeira temática é tratada nesta tese como o processo de mercadorização advindo da invasão européia, o debate sobre a fronteira na Amazônia a meu ver seria sobre o fracasso da criação de uma fronteira de exploração na área do estuário amazônico, a criação de uma Neo-Europa no estuário amazônico. O questionamento sobre a historia do ambientalismo nesta tese restringe-se à crítica dos grupos de tecnocientistas que atuam na naturalização das espécies estudadas contribuindo para a tripartição crítica do mundo da vida, pois já foi tratada profundamente por outros autores (op.cit.). 

     O mundo da vida natural como problema teórico, estético e prático-moral, um problema que para ser esclarecido por fora do contexto do pensamento europeu normal deve ser pensado na sua complexidade multidimensional, o natural como objeto da ciência, a natureza como objeto do direito e da moral, e a natureza como objeto estético. Como já foi pensado o mundo da vida humana pelas várias disciplinas das ciências sociais77. Como se situa a idéia de “biodiversidade” -o mundo da vida natural- neste mapa conceptual. Para isso se realizou um estudo das vertentes que entendem o mundo da natureza e humano na Amazônia como um sistema, uma estrutura e uma formação, para terminar identificando a formação estrutural do mundo nesta região. 74 WEBER, M. A ética protestante eo espirito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2004. 75 PADUA, JOSÉ AUGUSTO. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.2002. 76 PALACIO, GERMAN A. En busqueda de conceptos para una historiografia ambiental. In: PALACIO, GERMAN. (Org.) Naturaleza en disputa: Ensayos de historia ambiental de Colombia 1850-1995. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2001. p.4448.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

MUNDO DA VIDA E O DESENCANTAMENTO DO MUNDO NA AMAZONIA: A RACIONALIDADE ADMINISTRATIVA

Estes princípios de racionalização atingiram diretamente o mundo da vida natural. Para o campo anglo-saxão, Keith Thomas em 1996 dissipa a noção previa de que antes da industrialização, o homem dava mais valor à natureza. Ao contrario, somente quando a flora e a fauna foram dizimadas na Europa, e reduzidas a poucas espécies com um grande número de indivíduos, é que a natureza passa a ser objeto de estimação. O autor mostra como se passa da violência contra o mundo natural, onde a natureza era um inimigo numa guerra sem quartel, para um vínculo baseado na simpatia. As formas vivas antes do desencanto do mundo eram vistas como membros imperfeitos da comunidade humana e utilizados a revelia de sua condição. Depois do desencanto do mundo junto com a sua progressiva eliminação, a flora e a fauna da Europa passam a ser vistas como entes dignos de apreço e simpatia, numa romantização, diferente da primeira de tipo neurótico, que não impede a continuação da domesticação de umas poucas espécies e a destruição da grande maioria das formas de vida natural73. Será possível isso haver sucedido da mesma forma no estuário amazônico? A diferencia do acontecido na Europa, a formação estrutural do estuário amazônico nunca teve grande violência contra a natureza por parte dos moradores tradicionais sejam estes indígenas, negros ou caboclos, e as tentativas européias de desmatamento não deram resultado ate hoje, não incorporou-se por completo à economia mercantil e não se industrializou plenamente. Os valores cristãos dos invasores sofreram miscigenação com as crenças dos cristãos novos, indígenas e africanos e ainda não experimentou um processo completo de instalação de uma racionalidade instrumental. A modernidade iluminista mercantil mundializada no estuário amazônico foi realizada de forma parcial quando comparada com o acontecido na Europa. Esta desintegração das concepções religiosas sobre o mundo da vida, ou sua substituição por outras, se operou não tanto pela substituição da experiência mágica do mundo pela experiência da razão moderna, foi pela sua substituição da visão mágica pela visão racional do mundo protestante (op.cit). Esta substituição da cultura mágico-religiosa, num estágio mais 73 THOMAS, KEITH. O homem e o mundo natural [1983]. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 57 avançado da modernização, significa que a cultura profana, uma visão esclarecida sobre o mundo da vida, não substitui a antiga cultura sagrada, e nem uma outra cultura religiosa a substitui, pois é uma “cultura administrada e instrumentalizada”, que invade as esferas do mundo da verdade, a moral e a beleza. Pode ser na forma de uma “atitude administrativa” orientada a administrar, gerir e manejar estas esferas humanas do mundo da vida. Este processo esta em pleno andamento no estuário amazônico com a entrada das igrejas evangélicas e as teorias de administração racional na transição entre a forma estrutural nacional-desenvolvimentista industrial NDI e a forma tecnocientifica informacional globalizada TIG. Os princípios que sustentam a visão moderna das formas do mundo da vida não são homogêneos em toda Europa ocidental, na Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal existiram variações que dificultam sua interpretação e que obrigam a entender estas variações como uma confluência de várias vertentes intelectuais74. No Brasil, no estuário amazônico e na Amazônia confluíram estas visões de mundo75 facilitando sua analise integrada, e claro aumentando as dificuldades desta. Nesta tese será a visão unitária dos europeus o objeto da argüição. No

La pandemia es una advertencia: debemos cuidar la tierra, nuestro único hogar Bruno Latour

https://www.theguardian.com/commentisfree/2021/dec/24/pandemic-earth-lockdowns-climate-crisis-environment La crisis climática se asemeja a un enorme bloqueo planetario, atrapando a la humanidad en un entorno en constante deterioro.
Aquí hay un momento en el que una crisis interminable se convierte en una forma de vida. Este parece ser el caso de la pandemia. Si es así, es aconsejable explorar la condición permanente en la que nos ha dejado. Una lección obvia es que las sociedades tienen que aprender una vez más a vivir con patógenos, tal como aprendieron cuando los microbios se hicieron visibles por primera vez con los descubrimientos de Louis Pasteur y Robert Koch. Estos descubrimientos se referían a un solo aspecto de la vida microbiana. Cuando también se consideran las diversas ciencias del sistema terrestre, otro aspecto de los virus y las bacterias pasa a primer plano. Durante la larga historia geoquímica de la tierra, los microbios, junto con los hongos y las plantas, han sido esenciales, y siguen siendo esenciales, para la composición misma del medio ambiente en el que vivimos los seres humanos. La pandemia nos ha demostrado que nunca escaparemos a la presencia invasiva de estos seres vivos, enredados como estamos con ellos. Reaccionan a nuestras acciones; si mutan, nosotros también tenemos que mutar. Es por eso que los numerosos cierres nacionales impuestos a los ciudadanos para ayudarlos a sobrevivir al virus son una poderosa analogía de la situación en la que la humanidad se encuentra detenida para siempre. El encierro fue lo suficientemente doloroso y, sin embargo, se han encontrado muchas formas, gracias en parte a la vacunación, para permitir que las personas reanuden una apariencia de vida normal. Pero no hay posibilidad de tal reanudación si se considera que todas las formas vivientes están encerradas para siempre dentro de los límites de la tierra. Y por "tierra" no me refiero al planeta como se puede ver desde el espacio, sino a su película muy superficial, la capa poco profunda de tierra en la que vivimos, y que ha sido transformada en un medio habitable por eones de largo. labor de evolución. Esta delgada matriz es lo que los geoquímicos llaman la "zona crítica", la única capa de la tierra donde la vida terrestre puede florecer. Es en este espacio finito donde existe todo lo que nos importa y todo lo que hemos encontrado. No hay forma de escapar de nuestra existencia atada a la tierra; como gritan los jóvenes activistas climáticos: "No hay planeta B". Aquí está la conexión entre los bloqueos de Covid que hemos experimentado en los últimos dos años y el estado de bloqueo mucho más grande pero definitivo en el que nos encontramos: estamos atrapados en un entorno que ya hemos alterado irreversiblemente. Si nos hemos dado cuenta de la acción de los virus en la configuración de nuestras relaciones sociales, ahora debemos tener en cuenta el hecho de que también serán moldeados para siempre por la crisis climática y las rápidas reacciones de los ecosistemas a nuestras acciones. La sensación de que vivimos en un nuevo espacio vuelve a aparecer tanto a nivel local como global. ¿Por qué todas las naciones se reunirían en Glasgow para mantener los aumentos de temperatura global por debajo de un límite acordado, si no tuvieran la sensación de que se había puesto una gran tapa sobre su territorio? Cuando miras hacia el cielo azul, ¿no te das cuenta de que ahora estás bajo una especie de cúpula dentro de la cual estás encerrado? Atrás quedó el espacio infinito; ahora eres responsable de la seguridad de esta imponente cúpula tanto como de tu propia salud y riqueza. Te pesa en cuerpo y alma. Para sobrevivir en estas nuevas condiciones tenemos que pasar por una especie de metamorfosis. Aquí es donde entra la política. Es muy difícil para la mayoría de las personas acostumbradas a la forma de vida industrializada, con su sueño del espacio infinito y su insistencia en la emancipación y el crecimiento y desarrollo implacables, sentir de repente que está envuelto, confinado, escondido dentro de un espacio cerrado donde su Las preocupaciones deben compartirse con nuevas entidades: otras personas, por supuesto, pero también virus, suelos, carbón, petróleo, agua y, lo peor de todo, este maldito clima en constante cambio. Este cambio desorientador no tiene precedentes, ni siquiera cosmológico, y ya es fuente de profundas divisiones políticas. Aunque la frase "tú y yo no vivimos en el mismo planeta" solía ser una expresión de disidencia en broma, se ha convertido en una realidad en nuestra realidad actual. Vivimos en planetas diferentes, con gente rica que emplea bomberos privados y busca búnkeres climáticos, mientras que sus contrapartes más pobres se ven obligados a migrar, sufrir y morir en medio de las peores consecuencias de la crisis. Por eso es importante no malinterpretar el enigma político de nuestra época actual. Es de la misma magnitud que cuando, a partir del siglo XVII, los occidentales tuvieron que pasar del cosmos cerrado del pasado al espacio infinito del período moderno. A medida que el cosmos parecía abrirse, hubo que inventar instituciones políticas para trabajar a través de las nuevas y utópicas posibilidades ofrecidas por la Ilustración. Ahora, a la inversa, la misma tarea recae en las generaciones actuales: ¿qué nuevas instituciones políticas podrían inventar para hacer frente a personas tan divididas que pertenecen a planetas diferentes? Sería un error creer que la pandemia es una crisis que terminará, en lugar de la advertencia perfecta de lo que se avecina, lo que yo llamo el nuevo régimen climático. Parece que todos los recursos de la ciencia, las humanidades y las artes tendrán que ser movilizados una vez más para desviar la atención hacia nuestra condición terrestre compartida. Bruno Latour es filósofo y antropólogo, autor de After Lockdown: A Metamorphosis y ganador del premio Holberg 2013

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

THE WORLD OF LIFE AND THE FORMATION OF MODERNITY 4.1 MODERNITY AND THE MODERNIZATION OF THE WORLD OF HUMAN AND NATURAL LIFE IN LATIN AMERICA

Several authors reflect on whether there is an untouched non-human nature outside the human lifeworld66. Or if wild nature is also within humanity, as its first foundation, being simultaneously human beings and living social animals67, or whether the human being and the natural lifeworld are simply a machine-like mechanism68, with the corollary that the The human lifeworld, hitherto named the Society, could also be treated as a mechanical mechanism. Who, how and for what purpose are these assumptions of naturalness or universal humanity constructed? In this thesis it is believed that the human and natural world of life make one another in a permanent contradiction, which cannot be resolved only by transforming it using the expedients of socio-technical and domesticity networks that frame the structural forms of the world in the region. . The individual human being struggles with the beast within him. The city lives in eternal opposition to the forests, and civilizations are opposed, according to their greater or lesser roots, to identities based on the experience of life, of the living. It will be the utopian fate of critical political ecology to fight on the natural and human fronts as if it were in a city besieged from without by a predator and besieged from within by hunger, disease and human conflict. In order to preserve both the natural world [nature] and the human world [humanity] from technical homogenizing and rational invasion69. How does this conflict affect biodiversity objects and discourses?

O MUNDO DA VIDA E A FORMAÇÃO DA MODERNIDADE 4.1 A MODERNIDADE E A MODERNIZAÇÃO DO MUNDO DA VIDA HUMANA E NATURAL NA AMERICA LATINA

Vários autores refletem sobre se existe uma natureza intocada não humana fora do mundo da vida humana66. Ou se a natureza selvagem esta também dentro da humanidade, como seu primeiro fundamento, sendo simultaneamente seres humanos e animais sociais vivos67, ou o ser humano e o mundo da vida natural são simplesmente um mecanismo similar a uma máquina68, com o corolário de que o mundo da vida humana, ate agora nomeado como a Sociedade, poderia ser também tratado como um mecanismo mecânico. Quem, como e para que, estes supostos de naturalidade ou humanidade universal são construídos? Nesta tese acredita-se que o mundo da vida humana e natural fazem-se um ao outro numa contradição permanente, que não pode ser resolvida somente trans-formada utilizando os expedientes das redes sociotécnicas e de domesticidade que enmarcam as formas estructurais do mundo na região. O ser humano individual debate-se com a fera que leva dentro de se. A cidade vive a eterna oposição com as florestas, e as civilizações opõem-se segundo seu maior ou menor arraigo a identidades fundamentadas na experiência da vida, do vivo. Será o sina utópico da ecologia política critica lutar nas frentes natural e humana como se estivesse numa cidade sitiada de fora por um predador e sitiada por dentro pela fome, as doenças e os conflitos humanos. Com o fim de preservar tanto o mundo natural [a natureza] e o mundo humano [a humanidade] da invasão têcnica homogenizadora e racional69. Como este conflito afeta os objetos e discursos da biodiversidade? Uma indagação importante desta tese é de se será possível entender as relações e rupturas entre o mundo da vida natural e o mundo da vida humana na América Latina sem discutir as fontes das idéias de mundo, vida, natureza, biodiversidade e humanidade do Ocidente. Para praticar esta ecologia política critica latino-americana será possível isolar-se das fontes européias? Será necessário fazer a critica da própria influencia da Europa na América Latina.? Astrid Ulloa (2002:140) entende para os primórdios renascentistas da modernidade, estas fontes como fundadas na oposição monismo e dualismo. O monismo sustenta o ideário renascentista que consideram a natureza e a humanidade como parte de uma única essência divina em permanente movimento. Na visão monista o mundo esta autocontido em esferas e no meio delas estava a terra e os seres humanos recebendo influencias tanto de cima –o céu- como de baixo –o inferno-. Já o dualismo concretiza-se na modernidade no processo de desencantamento do mundo70. Tem sido descrito como racionalização esse processo de desencanto que levou a que, a desintegração das concepções religiosas do mundo gerasse na Europa ocidental uma cultura profana supostamente universal. As modernas ciências empíricas71, a autonomização das artes e as teorias da moral e do direito fundamentadas a partir de princípios não naturais levaram à formação das esferas culturais de valores fechados sob se mesmos, que possibilitaram processos de aprendizagem individual e isolado, segundo as leis internas dos problemas teóricos, estéticos ou pratico-morais, formulados por estas estas novas esferas da realidade respectivamente72 permitindo a especialização e universalização dos saberes, por fora de seu contexto natural vivo tanto humano como biofísico.