No debate sobre a formação estrutural do Novo Mundo existem varias temáticas recorrentes, todas originadas do debate europeio sobre a natureza desta nova terra. Isto é o debate sobre a natureza intocada, o colapso demográfico dos povos ameríndios e a disputa sobre a criação das Neo-europas na América76. Com relação a estes temas pode se dizer que esta provado que a natureza na América Latina não era intocada mas também não tinha sido eliminada da realidade cotidiana dos moradores ameríndios, como aconteceu efetivamente na Europa já no século XIII, ainda mais como se vera no decorrer desta tese a intervenção dos índios no mundo natural foi de diversificação, de criação de uma rede de domesticidade de formas vivas que a própria natureza e seus processos não seria capaz de criar e manter.
Esta rede de formas vivas foi mantida graças precisamente ao crescimento e complexificação da população e sociedades da América tropical, mostrando como é possível manter as formações florestais americanas junto a um grande adensamento populacional, tese esta contrária a maioria das abordagens atuais sobre a origem e a conservação das formações naturais americanas. Com todo isso é bastante provável que a invasão européia só tenha sido possível por causa precisamente do elevado nível de cultura e oferta alimentar que certas áreas do continente tinham, ou seja as “neo-europas” podem haver sido edificadas acima dos pilares que a civilização ameríndia edificou para se. Em outros locais como a região estuárina do rio amazonas é impossível ainda falar de pilares e sim de que os portugueses simplesmente passaram a ocupar um dos cômodos da casa construída pelos povos ameríndios.
Outras temáticas são a discussão sobre o “encontro do novo e o velho mundo”, o embate sobre a “fronteira de recursos e o meio ambiente” e a “história das idéias” sobre a formação do debate sobre a modernidade e a modernização do mundo da vida na América Latina. A primeira temática é tratada nesta tese como o processo de mercadorização advindo da invasão européia, o debate sobre a fronteira na Amazônia a meu ver seria sobre o fracasso da criação de uma fronteira de exploração na área do estuário amazônico, a criação de uma Neo-Europa no estuário amazônico. O questionamento sobre a historia do ambientalismo nesta tese restringe-se à crítica dos grupos de tecnocientistas que atuam na naturalização das espécies estudadas contribuindo para a tripartição crítica do mundo da vida, pois já foi tratada profundamente por outros autores (op.cit.).
O mundo da vida natural como problema teórico, estético e prático-moral, um problema que para ser esclarecido por fora do contexto do pensamento europeu normal deve ser pensado na sua complexidade multidimensional, o natural como objeto da ciência, a natureza como objeto do direito e da moral, e a natureza como objeto estético. Como já foi pensado o mundo da vida humana pelas várias disciplinas das ciências sociais77. Como se situa a idéia de “biodiversidade” -o mundo da vida natural- neste mapa conceptual. Para isso se realizou um estudo das vertentes que entendem o mundo da natureza e humano na Amazônia como um sistema, uma estrutura e uma formação, para terminar identificando a formação estrutural do mundo nesta região.
74 WEBER, M. A ética protestante eo espirito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2004. 75 PADUA, JOSÉ AUGUSTO. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.2002. 76 PALACIO, GERMAN A. En busqueda de conceptos para una historiografia ambiental. In: PALACIO, GERMAN. (Org.) Naturaleza en disputa: Ensayos de historia ambiental de Colombia 1850-1995. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2001. p.4448.
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