quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
O MUNDO DA VIDA E A FORMAÇÃO DA MODERNIDADE 4.1 A MODERNIDADE E A MODERNIZAÇÃO DO MUNDO DA VIDA HUMANA E NATURAL NA AMERICA LATINA
Vários autores refletem sobre se existe uma natureza intocada não humana fora do mundo da vida humana66. Ou se a natureza selvagem esta também dentro da humanidade, como seu primeiro fundamento, sendo simultaneamente seres humanos e animais sociais vivos67, ou o ser humano e o mundo da vida natural são simplesmente um mecanismo similar a uma máquina68, com o corolário de que o mundo da vida humana, ate agora nomeado como a Sociedade, poderia ser também tratado como um mecanismo mecânico. Quem, como e para que, estes supostos de naturalidade ou humanidade universal são construídos? Nesta tese acredita-se que o mundo da vida humana e natural fazem-se um ao outro numa contradição permanente, que não pode ser resolvida somente trans-formada utilizando os expedientes das redes sociotécnicas e de domesticidade que enmarcam as formas estructurais do mundo na região.
O ser humano individual debate-se com a fera que leva dentro de se. A cidade vive a eterna oposição com as florestas, e as civilizações opõem-se segundo seu maior ou menor arraigo a identidades fundamentadas na experiência da vida, do vivo. Será o sina utópico da ecologia política critica lutar nas frentes natural e humana como se estivesse numa cidade sitiada de fora por um predador e sitiada por dentro pela fome, as doenças e os conflitos humanos. Com o fim de preservar tanto o mundo natural [a natureza] e o mundo humano [a humanidade] da invasão têcnica homogenizadora e racional69. Como este conflito afeta os objetos e discursos da biodiversidade?
Uma indagação importante desta tese é de se será possível entender as relações e rupturas entre o mundo da vida natural e o mundo da vida humana na América Latina sem discutir as fontes das idéias de mundo, vida, natureza, biodiversidade e humanidade do Ocidente. Para praticar esta ecologia política critica latino-americana será possível isolar-se das fontes européias? Será necessário fazer a critica da própria influencia da Europa na América Latina.?
Astrid Ulloa (2002:140) entende para os primórdios renascentistas da modernidade, estas fontes como fundadas na oposição monismo e dualismo. O monismo sustenta o ideário renascentista que consideram a natureza e a humanidade como parte de uma única essência divina em permanente movimento. Na visão monista o mundo esta autocontido em esferas e no meio delas estava a terra e os seres humanos recebendo influencias tanto de cima –o céu- como de baixo –o inferno-. Já o dualismo concretiza-se na modernidade no processo de desencantamento do mundo70. Tem sido descrito como racionalização esse processo de desencanto que levou a que, a desintegração das concepções religiosas do mundo gerasse na Europa ocidental uma cultura profana supostamente universal. As modernas ciências empíricas71, a autonomização das artes e as teorias da moral e do direito fundamentadas a partir de princípios não naturais levaram à formação das esferas culturais de valores fechados sob se mesmos, que possibilitaram processos de aprendizagem individual e isolado, segundo as leis internas dos problemas teóricos, estéticos ou pratico-morais, formulados por estas estas novas esferas da realidade respectivamente72 permitindo a especialização e universalização dos saberes, por fora de seu contexto natural vivo tanto humano como biofísico.
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